Para explorar a infinidade de vinhos produzidos na região de Lisboa é preciso visitar a Península de Setúbal, composta por Montijo, Palmela e Setúbal. A rota de vinhos da Península de Setúbal possui um conjunto de elementos diferenciados, incluindo o vinho com Denominação de Origem Moscatel, a Casa Mãe da Rota de Vinhos, as adegas e o Parque Natural da Arrábida, além da fácil acessibilidade com a capital portuguesa. A cultura da vinha na região tem um passado longínquo, admitindo-se que tenha sido introduzida em cerca de 2000 a.C.

A viticultura da Península de Setúbal, com uma área total de cerca de 9500 ha, tem em Palmela a maior extensão vitícola da região, seguida por Montijo, Setúbal e Sesimbra. No entanto, mais ao sul do distrito de Setúbal destacam-se Alcácer do Sal, Grândula, Santiago do Cacém e Sines.

A viticultura na região tem evoluído de forma considerável nos últimos anos, proporcionando aos viticultores a obtenção de uvas de melhor qualidade, com produções economicamente viáveis, ambientalmente sustentáveis e que permitem chegar a vinhos com singular relação qualidade/preço.

A região é produtora de vinhos brancos e tintos. Entre os brancos, os apreciadores poderão degustar os das castas Moscatel de Setúbal, de Alexandria ou Graúdo. Esta casta é originária do Egito, tendo-se expandido pelo Mediterrâneo na época do Império Romano. Fernão Pires é uma das castas brancas mais disseminadas por todo o país. Arinto é também uma das castas portuguesas mais antigas e de grande tradição.

Dos tintos destacam-se Castelão, uma casta cultivada no sul de Portugal. A Castelão é conhecida por Periquita, nome que teve origem na propriedade Cova da Periquita, localizada em Azeitão. Syrah, embora seja uma casta francesa da região de Côtes du Rhône, na Península de Setúbal ocupa uma área de 300 ha. Touriga Nacional é uma casta nobre e muito apreciada, talvez a mais elogiada em Portugal, estando hoje disseminada por praticamente todas as regiões do país.

Vinho de Carcavelos, na adega Casal da Manteiga

Vinho de Carcavelos, na adega Casal da Manteiga

Nas castas da Península de Setúbal, os turistas vão se deliciar com a Moscatel Roxo, com um vinho de paladar finíssimo onde ressaltam as especiarias, as compotas de ginja e figo.

Seguindo na rota dos vinhos, há um legado vitivinícola que não pode ser esquecido: Colares, reclinada sobre duas colinas da Serra de Sintra, é demarcada desde 1908. Ali é produzido o famoso Vinho de Colares, de sabor aveludado e tom rubi. Esse é um vinho que precisa de, pelo menos, 24 meses para atingir o ponto certo de ser consumido. As vinhas de Colares têm características muito próprias, devido a proximidade do mar e ventos marítimos muito fortes.

O vinho de Carcavelos, de renome internacional e tradição secular, detém qualidades reconhecidas e confirmadas, sendo em 1908, por Lei, definidos os princípios gerais da sua produção e comercialização. Durante o reinado de D. José I e sob forte influência do 1º Conde de Oeiras e Marquês de Pombal, esse vinho conheceu o seu maior apogeu.

É conhecido como um vinho bem marcado pelas características naturais da região: terrenos calcários de declives voltados para o sul, com temperaturas amenas e ventos do norte que diminuem a umidade marítima. Vinho Licoroso de Qualidade Produzido em Região Demarcada (VLQPRD) com Denominação de Origem Demarcada (DOC), cujas características são: delicado, de cor topázio, aveludado, com aroma amendoado e que adquire um perfume característico com o envelhecimento.

Nos dias de hoje, dada a sua raridade, o vinho de Carcavelos, ou Lisbon Wine como era reconhecido além fronteiras, é considerado uma relíquia para ser saboreado como um excelente aperitivo, mas também como um valioso digestivo.

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