Produção cuidadosa, poucas garrafas, amor pelo vinho. Essas são algumas das características que unem os 32 membros do MOVI – Movimento dos Vinhateiros Independentes do Chile, proprietários de pequenas vinícolas que vêm apresentando seus vinhos e a história por trás de cada um deles.

O grupo esteve pela primeira vez em São Paulo no dia 10 de agosto, promovendo uma degustação para profissionais do setor e imprensa – a MoviNight. E nós fomos experimentar seus vinhos!

Os produtores foram divididos em três grupos, de acordo com a região do Chile à qual pertencem.

Flight A – O novo Chile, com mais personalidade

MoviNight SP - vinho chileno Villard Chardonnay“Os winemakers do MOVI utilizam vinhedos de precisão plantados nas últimas duas décadas para produzir vinhos de forma mais pessoal e com mais personalidade. Partimos por Casablanca, seguimos pela costa do Maipo, passamos por Cachapoal e Colchagua até chegar ao Vale del Bueno. “

Essa foi a área que nos reservou as maiores surpresas, especialmente de um dos produtores, a vinícola Villard, do Vale de Casablanca. Fundada em 1989, a vinícola sempre prezou por produzir vinhos de excelente qualidade, utilizando as características únicas do seu excepcional terroir. As novas gerações da família vêm investindo em técnicas de vinificação inovadoras para criar vinhos super premium com estrutura e elegância.

No evento, estava presente o próprio Jean-Charles Villard, um dos proprietários da vinícola, que comentou sobre os dois vinhos que trouxeram para a degustação.
MoviNight SP - vinhos chilenos
Começamos pelos brancos, e o deles já chamou a atenção pelo rótulo: Villard Chardonnay Gran Vin. Espera… Um Gran Vin do Chile? Era isso mesmo! Um Chadonnay com passagem de nove meses em barricas de carvalho, com uma pegada madura, aromas complexos, muita estrutura. Lembra muito o Pizzato Legno que gostamos tanto.

Em seguida provamos o Syrah da Villard, o Tanagra, um dos orgulhos da vinícola. O site deles diz que este vinho é um trabalho conjunto de Sébastien e Jean-Charles Villard, com produção limitada e totalmente manual. A maceração, fermentação e envelhecimento duram um ano inteiro em barricas de carvalho francês e americano. Segundo Jean-Charles, essas barricas são rotacionadas manualmente, seis vezes ao dia, para garantir um vinho de excepcional qualidade.

MoviNight SP - vinho chileno Tanagra Syrah

O resultado não poderia ser diferente. Um vinho fantástico, mesmo para quem tem um padrão alto de referência para Syrahs. Escuro, denso na taça, aromas com um equilíbrio entre frutas vermelhas e condimentos, mas é na boca que a mágica acontece. Ele é extraordinariamente persistente. Um sabor maravilhoso que fica muito tempo ali, lembrando de como o vinho é bom.

Passamos um bom tempo conversando com o Jean-Charles, mas é claro que em um evento com tantas opções não poderíamos ficar em uma única vinícola. Ainda tínhamos mais 31 a descobrir.
MoviNight SP - vinho chileno Polkura Syrah

E descobrimos mais um vinho premiado: o Polkura Syrah, produzido pela vinícola Polkura. O vinho é um projeto conjunto do enólogo Sven Bruchfeld, com seu amigo e colega de universidade Gonzalo Muñoz. Gonzalo estudava na Espanha e Sven trabalhava durante as vindimas nas diferentes regiões vitivinícolas do mundo. Um dia eles conversavam no sul da França e enquanto degustavam um Syrah em uma das bodegas locais definiram que esta cepa seria a base do seu futuro vinho.

Voltando ao Chile, procuraram um terroir para realizar o seu sonho. Em 2001, encontraram o lugar ideal: uma propriedade em Marchigüe, zona no extremo ocidental do Vale de Colchagua. Atualmente são 12 hectares de plantações e a primeira vindima ocorreu em 2004.

A palavra que define este vinho é elegância. Um vinho para ser tomado devagar e apreciado. Um pouco menos escuro na taça, ele segue  uma escola mais europeia de vinhos, é igualmente marcante e, definitivamente, necessário em uma boa adega.

MoviNight SP - Jean Charles e Emanuel

Jean-Charles Vilard brinca com o Emanuel

Flight B – Os clássicos recarregados

“Estes vinhos têm origem nos terroirs mais clássicos do Chile, mas agora são feitos por pequenos produtores através de uma visão pessoal de cada vale e variedade. Partimos pelo Aconcagua, descemos ao Vale do Maipo, passamos por Cachapoal e Colchagua e chegamos ao Vale de Maule.”

Um dos destaque deste Flight foi o Montelig 2009. Um vinho marcante com muito corpo, complexo. Nada em excesso, nem frutas, nem madeira. Mas sim o equilíbrio entre essas duas tendências que tanto apreciamos. Outro vinho que merece referência é o Rukumilla 2011, um Cabernet Franc marcante e interessante. Aromas de frutas negras e final persistente.

O Casa Bauzá 2013 é um assemblage de três grandes uvas: Carménère, Syrah e Cabernet Sauvignon. Um vinho complexo e gastronômico. Excelente para aquele jantar especial.

MoviNight SP - vinhos chilenos

Flight C – O antigo agora é o novo – do Atacama a Maule

MoviNight SP - Erasmo, vinho chileno“Com milhares de hectares ainda arados a cavalo, o Vale de Maule foi ignorado por muitos anos, mas agora é foco de atenção, graças às suas uvas Carignan, Cabernet Sauvignon e Cabernet Franc. E, ao norte do Chile, no meio do deserto do Atacama, nasce um vinho centenário, o Pajarete.”

Nesta mesa, dois vinhos se destacaram: o Monos 2014, um corte de Carignan e Garnacha, e o Erasmo 2007, corte bordalês com certificação orgânica.

O primeiro um vinho para tomar com os amigos, curtir o momento. Leve, aromático, bonito na taça. Ele começa bem. Na boca, corpo médio, mas paladar interessante, não passa despercebido de jeito nenhum. Boa acidez.

O segundo, uma ótima surpresa. É um corte bordalês, mas um tanto mais claro na taça. Muito aromático, frutas vermelhas, paladar redondo, persistente, bom corpo. Mas o incrível mesmo é ver características de um vinho jovem em um 2007.

No mesmo Flight ainda tivemos a oportunidade de experimentar um interessante Cabernet Franc, o Gillmore Old Vines 2010. Para quem se lembra, temos acompanhado a evolução de vinhos dessa casta e encontrado alguns bem interessantes. Esse é bem típico. Elegante e aromático. Também abriria com amigos, mas menos marcante do que alguns que degustamos recentemente.

MoviNight SP - pizza Magrella

Além dos vinhos, estavam servindo no evento pizzas, tapiocas salgadas e um bolinho japonês. Quem já conhece um pouquinho o Emanuel deve imaginar que não saímos de perto da barraca das pizzas – que na verdade era no estilo de uma bicicleta, a Magrella Food Bike. As pizzas têm massa fininha, são assadas na pedra, crocantes e deliciosas!

Outro ponto alto de participar de eventos como esse é conhecer pessoas. Sempre acabamos nos reencontrando entre um evento e outro. Na foto abaixo, eu estou com José Francisco Vidigal, da Casa Vidigal; Mikaela Paim, sommeliére da Osteria Generale; e Felipe Rodrígues Varela, da vinícola Catrala. Tim, tim e até a próxima!

Movinight - Vinhos Chilenos - Viva o Vinho

José Francisco Vidigal, da Casa Vidigal; Renata; Mikaela Paim, da Osteria Generale; e Felipe Varela, da Catrala

Sobre o MOVI

Movi Night SPO MOVI – Movimento dos Vinhateiros Independentes do Chile – é uma associação de produtores chilenos que, desde 2009, compartilha a mesma paixão e pensamento: produzir vinhos de grande qualidade, em produções limitadas, de forma livre, sustentável e refletindo a personalidade do terroir local. Seus vinhos podem ser chamados de Vinhos de Autor ou Vinhos de Garagem.

Originalmente formado por um pequeno grupo de 12 amigos apaixonados por vinho e sua cultura, hoje já somam 32 vinícolas distribuídas do Vale do Huasco ao norte até o Vale de Itata ao sul, abrangendo mais de 1.000 quilômetros do território chileno.

Estas 32 vinícolas trabalham juntas como associação, um grupo que reúne diversas personalidades que se revelam em suas garrafas, produzidas à “escala humana”.

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