Se fôssemos avaliar um evento pela simpatia dos expositores, o Grand Tasting 2016, promovido pela Grand Gru, no último dia 28 de abril, teria sido premiado. O clima de confraternização podia ser sentido em cada mesa de degustação, fosse o expositor italiano, francês, chileno, libanês, argentino ou australiano. Uma verdadeira festa multinacional, com todas as cores, sabores e idiomas a que tinha direito.

O belo espaço da Casa da Fazenda do Morumbi foi dividido de maneira harmoniosa e o clima colaborou. Em uma área mais aberta, à direita de quem entrava, expositores com vinhos brancos, rosés e espumantes. Lá pudemos observar o cuidado com que os vinhos têm sido produzidos e a beleza das garrafas, muitas buscando explorar o brilho da cor dos vinhos, uma ótima jogada de marketing.

Ruggeri, Itália

Começamos o nosso tour pelos espumantes

A linha Escorihuela Gascón conta com grandes vinhos. Particularmente, gostamos muito do Cabernet Sauvignon e desta vez tivemos a oportunidade de provar o Escorihuela Gascón Extra Brut. Claro, boa acidez, aroma fresco e cítrico no ponto certo. Um espumante à altura da bodega em que é produzido.

O Bottega Moscaro Il Vino Dell’Amore vem em uma belíssima garrafa. Possui aroma marcante de abacaxi e achamos ligeiramente suave.

Os Torrontés têm por característica principal um belo aroma de flores, algo que chega a ser divertido. Estão entre os vinhos brancos preferidos da Renatinha. O Coquenta Torrontés é um exemplo clássico e ainda conta com um belo equilíbrio no paladar. Vale a pena!

Produzido com uma uva tipicamente alemã, o Fritz Haag Riesling Trocken apresentava-se cítrico e adocicado, mas interessante para dias mais quentes. Vai bem com saladas, peixes e até embutidos, de acordo com a tradição alemã.

Chateau de Berne, França

Um destaque interessante era a mesa da vinícola francesa Château de Berne. Os vinhos rosés brilhantes, em garrafas de formato e acabamento diferenciados, e um simpaticíssimo francês que mal falava português, trajado com uma calça rosa e camisa lilás formavam um conjunto impossível de não ser notado. Os vinhos eram refrescantes, frutados, leves, excelentes para acompanhar um dia à beira da piscina. O Rosé Berne Esprit di Méditerranée IGP lembrava frutas doces, frescas, como cerejas.

Ingressamos na área dos tintos

Garofoli, ItáliaO primeiro produtor já era um grande destaque. A vinícola italiana Garofoli orgulha-se de ter sido fundada em 1901 e estar na quinta geração da família à frente do negócio. Fomos recebidos por Gianluca Garofoli em pessoa. Um rapaz jovem e entusiasmado por vinhos.

Ele nos apresentou o Piancarda Rosso Conero DOC, um vinho muito bom, equilibrado, com aromas persistentes. Redondo e gastronômico, não pesa e tem muita personalidade. Como todo bom italiano, excelente para acompanhar uma grande refeição.

A segunda prova foi o Grosso Agontano, um vinho muito estruturado. Passa por um estágio de 20 meses em barricas de carvalho francês e um ano em garrafa antes de ser comercializado. É um vinho complexo em aromas e sabores, que convida a ser degustado bem devagar, saboreando cada gota.

Seguimos adiante para a posição de outro produtor italiano, a Barone Montalto da Sicília, onde pudemos experimentar dois grandes vinhos (antes de seguirem adiante em nosso texto, cliquem no link para verem o lugar fantástico onde fica essa vinícola; já ficamos com vontade de conhecer!).

Barone Montalto, Itália

O primeiro deles foi o Barone Montalto Collezione di Famiglia Passivento Nero D’Avola Terre Siciliane IGT. Na produção deste vinho são utilizadas uvas que foram secas em um processo semelhante aos Amarones, o que lhe confere um paladar todo especial. Gosto muito dos vinhos dessa casta e este, além de ser um bom representante, possui características únicas por conta do processo de produção.

Em seguida, provamos um Amarone Della Valpolicella DOC. Um vinho superior, muito bom. Como todo vinho desse tipo, aromático e com excelente presença na boca. Estava um pouco jovem ainda e, com certeza, tem muito o que evoluir.

Heartland, Austrália

 

Mais alguns passos e chegamos à Austrália (!) e lá conhecemos um dos donos da vinícola Heartland, o Nick Keukenmeester. Localizados ao sul da Austrália, em um clima bem mais frio do que estamos acostumados a imaginar para o país, Nick se orgulha em dizer que, por não terem sofrido ataque da filoxera, possuem vinhedos de Cabernet Sauvignon com cerca de 118 anos.

Pudemos conferir a qualidade degustando o Heartland Cabernet Sauvignon e o Heartland Shiraz. Ambos muito redondos, prontos para beber. Recomendamos o Cabernet para aqueles que costumam estranhar a potência dos vinhos dessa uva. Este é elegante, levemente frutado, um bom representante. Já o Shiraz (ou Syrah, como dizem os franceses) possui uma cor um pouco mais densa e um toque de especiarias. Vários colegas classificaram esse Shiraz como um dos melhores vinhos do evento.

Ixsir, Líbano

Nossa próxima parada foi o Líbano, na vinícola Ixsir – acreditem se quiser! Recebidos por um cidadão francês, Etienne Touzot, gerente de exportação da vinícola, ele nos explicou que Ixsir vem de elixir, o bálsamo da extrema felicidade, em referência à alta qualidade dos vinhos, produzidos no Vale do Bekaa.

Experimentamos um Grande Reserva branco, feito com 60% de Viognier, 25% de Sauvignon Blanc e 15% de Chardonnay. De cor amarelo claro, dourado, boa acidez e boa mineralidade, passa seis meses em barrica de carvalho. Tem aromas de pêssego, flores brancas e amêndoas, deixando um leve adocicado na boca. Uma boa experiência, sem muita complexidade.

Uma volta pela América do Sul

Depois desse tour por países distantes, chegamos a um lugar mais próximo, o Chile, e fomos logo recebidos por mais um membro de uma família de fundadores de vinícolas, Max Undurraga. Mas o que alguém com o sobrenome Undurraga estaria fazendo no stand da Koyle? Simples. A família Undurraga, fundadora da Viña Undurraga, vendeu o negócio e fundou uma nova vinícola, a Koyle Family Wineyards. “Agora vocês só podem beber Koyle”, disse Max.

Koyle, Chile

Muito bem humorado, comentamos que havíamos experimentado um Koyle Syrah Gran Reserva recentemente e mostramos a foto no Facebook. Ele imediatamente lembrou que viu a foto, curtiu e comentou pessoalmente! Foi a maior surpresa do dia!

Ficamos muito lisonjeados por saber que um dos donos da Koyle conhecia nossa página e ainda tomamos um dos tops de linha da vinícola, o Koyle Royale Cabernet Sauvignon 2012. Um vinho muito estruturado, potente, um Cabernet de respeito. Com segurança um vinho de guarda, algo para mais de 15 anos, com muito equilíbrio e persistência. Um dos pontos altos da degustação.

Leyda, Chile

O próximo produtor também é bem conhecido dos brasileiros, a Viña Leyda. Em fevereiro passado tomamos um ótimo Leyda Reserva Pinot Noir, que degustamos no evento sobre Pinot da Confraria Viva o Vinho. O Leyda Lot 21 Pinot Noir 2013 é um vinho bem superior à nossa experiência anterior e isso fica muito claro. Um Pinot muito elegante, frutado, aromático. Para os amantes dessa casta tão cultuada, vale a pena o investimento.

Altair, Chile

Mais alguns passos e pudemos conhecer algo novo: paramos em uma mesa onde a Vinícola San Pedro expunha suas estrelas mais brilhantes, os vinhos da linha Altaïr. Tivemos a oportunidade de experimentar seus dois vinhos ícones: Sideral 2012 e Altaïr 2010. São vinhos premiados, excelentes em suas categorias, com forte influência francesa, resultado da associação da San Pedro com o Château Dassault de Saint-Emillion. O Sideral é um vinho macio, elegante e com boa acidez. O Altaïr, top da linha, é um vinho complexo, muito bom. Rico em aromas e sabores. Outro momento marcante do evento.

Do Chile, partimos para o Uruguai!

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E fomos recebidos pelo próprio Francisco Pizzorno, descendente da família fundadora da Pizzorno Family Estates, de 1910. Francisco fez questão de nos contar a história da vinícola, fundada por seu avô, a produção cuidadosa das uvas, com menos quilos por planta e fez questão de nos dar todos os vinhos para experimentar. Também tirou uma foto conosco, que postou no Instagram da vinícola, e ainda nos enviou um e-mail depois do evento, agradecendo a nossa visita e nos convidando para visitar a Pizzorno no Uruguai. Foi de uma simpatia extrema!

Pizzorno, Uruguai

Mas falando de vinhos, o Don Próspero é o vinho de entrada da Pizzorno. Apesar da combinação interessante de duas uvas potentes, Tannat e Malbec, apresenta muita elegância e é uma presença marcante para uma boa refeição.

Já o top da vinícola é o Primo. Potente, corte de Tannat, Cabernet Sauvignon, Merlot e Petit Verdot, 24 meses em barricas, é um típico vinho uruguaio, feito para acompanhar belas carnes e ser tomado com cerimônia. Um belíssimo vinho que com certeza tomaremos novamente!

Renata com a enóloga Daniela Salinas da House Casa del Vino

Renata com a enóloga Daniela Salinas da House Casa del Vino

Do Uruguai, voltamos ao Chile, onde pudemos conhecer alguém muito especial: a enóloga Daniela Salinas, da House Casa del Vino. Ela é responsável pela criação do House Despechado Pinot Noir, um Pinot clássico, com todas as boas características da casta. Claro, leve, extremamente aromático, os amantes desta uva o reverenciam e não é à toa. Na página da Grand Cru há uma ótima descrição do produto: “maceração carbônica, e depois a fermentação em um ovo de concreto com o uso de leveduras indígenas”. Vale a pena.

Outro ótimo vinho da produtora é o Gran Petit. Um vinho curiosíssimo, pois é produzido a partir de duas uvas que normalmente são utilizadas para da mais corpo a assemblages, a Petit Verdot e a Petit Syrah. Estamos falando de um vinho extremamente aromático, saboroso, muito denso e que enche a boca. Para quem gosta de um bom vinho encorpado, fica a dica.

Em seguida demos uma parada na Viña Cobos, atraídos por um velho conhecido, o Felino, uma família de belíssimos vinhos que tivemos oportunidade de experimentar no ano passado em Buenos Aires (aliás, temos uma história bem engraçada envolvendo esse vinho, que qualquer dia contamos a vocês).

Lá degustamos o Bramare Malbec Luján de Cuyo 2013, um Malbec poderoso, um tanto alcoólico no início, mas muito bom depois de uma respirada na taça. Demonstrava a juventude e o potencial para mais dez anos de guarda fácil.

Viña Cobos, Argentina

Seguimos para o stand de vinhos tintos da Bodega Escorihuela Gascón, outro produtor argentino muito bom. Deste já havíamos tomado o Escorihuela Gascón Cabernet Sauvignon em Buenos Aires também, e dessa família eles trouxeram apenas o Pinot Noir, que pode ser visto no centro da foto.

Nesse evento, optamos pelo Escorihuela Pequeñas Producciones Cabernet Sauvignon. Um vinho superior em diversos aspectos, enfatizando a qualidade dos vinhos da bodega. Somos clientes satisfeitos deles.

Escorihuela Gascón, Argentina

Fechamos a noite com uma rápida passada na Morandé para provar seu ícone, o House of Morandé, no caso um 2006! Um vinho potente, maduro, gastronômico, que precisa ser tomado por quem gosta de vinho.

Viña Morandé, Chile

Algo que nos chamou a atenção nesse evento foi a grande quantidade de proprietários ou diretores das vinícolas presentes. Pudemos conversar com quem realmente produz os vinhos, tem o vinho em sua alma, como herança de família. Isso faz toda a diferença! Agradecemos à Grand Cru pelo convite e esperamos ter muitas outras experiências iguais a essa, que só ampliam o nosso conhecimento.

Outra novidade é que, durante o evento, fizemos nossa primeira transmissão ao vivo via Facebook. Sem planejamento, sem script, totalmente informal. Mas foi muito divertido, adoramos interagir com as pessoas que estavam nos assistindo na hora. Se você ainda não viu o vídeo, clica aí embaixo e assista. Assim terá um pouco mais do gostinho de como é um evento como esses! E até o próximo!

 

Fotos Emanuel Alexandre Tavares

 

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