Uma das mais belas regiões da Europa, localizada ao norte da Península Ibérica, centro-norte do território do país, Rioja não é apenas dona de paisagens de tirar o fôlego e de uma rica cultura e gastronomia, como também a principal responsável pela produção de vinhos na Espanha.

O estilo de seus vinhos é característico, em geral bastante marcado pelo carvalho. Os melhores produtores buscam o equilíbrio perfeito entre a fruta e a madeira, produzindo vinhos de muita classe, elegância e complexidade, que estão entre os melhores do mundo.

Seu nome deriva de “rio Ojas”, um pequeno afluente do rio Ebro, que corta toda a região. A maior parte da região vinícola situa-se na província de La Rioja, com pequenas áreas estendendo-se para o país Basco a noroeste, e para Navarra a nordeste.

Centrada na capital da província, Logroño, Rioja divide-se em três partes, ao longo do eixo do rio Ebro. Rioja Alta ocupa a parte do Vale do Ebro a oeste de Logroño; Rioja Alavesa fica ao norte do rio Ebro e se estende até à província basca de Alava; e Rioja Baja estende-se desde os subúrbios de Logroño ao sul e ao leste, incluindo as cidades de Calahorra e Alfaro.

Rioja, Espanha

Bascos, muçulmanos, franceses e peregrinos

Antiga terra de tribos pré-romanas – como berones, pelendones e bascos –, depois de reconquistada dos muçulmanos Rioja fez parte do Reino de Pamplona-Nájera, do Reino de Viguera e do Reino de Navarra, sendo posteriormente incorporada ao Reino de Castela.

Na virada do século 19, o território permanecia dividido entre as províncias de Burgos e Soria. A região foi tomada pelas forças de Napoleão na Guerra da Península e permaneceu em mãos francesas até 1814.

Mapa de Rioja, EspanhaAs relações com a França sempre foram estreitas, na guerra ou na paz. Assim, a partir de 1840, quando algumas pragas começaram a atacar os vinhedos da vizinha, Rioja recebeu vários comerciantes de vinho de Bordeaux. Este fluxo aumentou ainda mais a partir do final da década de 1860, quando a Phylloxera começou a devastar os vinhedos franceses. As leis aduaneiras francesas foram relaxadas e a região de Rioja experimentou um sucesso de vendas que durou por quatro décadas.

Na primeira metade do século 20 a Espanha sofreu muito com as duas grandes guerras mundiais e com a guerra civil, fatos que levaram a indústria do vinho a níveis comerciais muito baixos. A recuperação do mercado só veio a acontecer no final da década de 70, com a construção de novas e modernas vinícolas.

Somente em 1980 a província mudou seu nome para La Rioja e constituiu-se como comunidade autônoma. É a segunda menor comunidade autônoma da Espanha, e a menor em população – metade dos seus 174 municípios tem menos de 200 habitantes. Cerca de metade dos cidadãos da província vivem na capital, Logroño.

A região é também parte dos caminhos de Santiago de Compostela, percursos percorridos pelos peregrinos desde o século 9, em direção à cidade homônima.

Posição privilegiada para o cultivo de uva

Localizada ao norte da Península Ibérica, a região de Rioja desfruta de uma posição geográfica privilegiada frente às demais áreas vinícolas da Espanha. Rioja é protegida dos ventos e chuvas provenientes do Atlântico pela Serra da Cantabria, além de sofrer menos com os extremos de temperatura comuns a outras regiões espanholas.

Rioja, EspanhaOs solos da parte norte da Rioja, onde se cultivam as melhores uvas, têm a argila como componente predominante. Na Rioja Alta e na Rioja Alavesa existem áreas onde o subsolo é rico em calcário e em ferro, em ambos os lados do Rio Ebro.

A região é considerada uma das cinco áreas vinícolas mais importantes do mundo. Foi a primeira da Espanha a receber sua Denominação de Origem (DO), em 1925. Em 1991 esta denominação foi alterada para Denominacíon de Origen Calificada (DOCa), demonstrando a enorme qualidade que seus vinhos apresentam. Dentre os 300 milhões de litros de vinho produzidos por ano na região, 90% correspondem a tintos, mas também há ótimos exemplares brancos e rosés.

Como são os vinhos de Rioja

De maneira geral, os vinhos do Rioja são poderosos e aromáticos, frutados e de um corpo bem estruturado, repleto de equilíbrio e sabor. A casta característica de Rioja é a Tempranillo, que envelhece em tonéis de carvalho americano, atravessando um lento processo de evolução, micro-oxigenação e estabilização, o que garante aos vinhos da região uma característica notoriamente distinta. Dificilmente encontra-se um vinho de Rioja que não tenha ao menos um toque de madeira. Geralmente, esse aroma e sabor são bem presentes.

Além da Tempranillo, são também utilizadas a Graciano, Garnacha e Mazuelo, muitas vezes em corte. Quando à Tempranillo se acrescenta Garnacha, por exemplo, o resultado final é um vinho com mais corpo e estrutura. Se quiser mais aromas, a escolha é a Graciano. A Cabernet Sauvignon também é permitida na região, mas em pequenas quantidades.

Os vinhos brancos do Rioja, produzidos principalmente com Viura, também passam por envelhecimento nos tonéis de carvalho. Os exemplares mais modernos, que permanecem por menos tempo em madeira, têm um caráter leve e frutado.

Além de paisagens espetaculares com um mar de vinhedos que se perde no horizonte, La Rioja conta com um número considerável de vinícolas que podem ser visitadas, lugares ideais para entrar em contato com a cultura do vinho. Com certeza um destino para se conhecer, seja pessoalmente, seja por meio de seus maravilhosos vinhos. Saúde!

Rioja, Viva o Vinho

 

 

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