A Borgonha é um dos mais importantes centros vitivinicultores da França, mundialmente conhecida pelos seus excelentes rótulos de Pinot Noir e Chardonnay. Quando soubemos da degustação orientada organizada pela SBAV-SP sobre a região, ficamos ansiosos em participar.

O evento ficou por conta da Anima Vinum, uma importadora especializada em vinhos da região da Borgonha que busca descobrir rótulos produzidos de maneira artesanal pelos chamados “récoltants” – seletos produtores que desenvolvem um trabalho minucioso, resultando em uma experiência única aos apreciadores dos vinhos da região.

Comandada pela sommelier Anna Rita Zanier, a degustação contou com cinco vinhos diferentes da região, que hoje se encontram no mercado brasileiro a preços acessíveis, de acordo com a filosofia da Anima Vinum.

Bourgogne, França

Os vinhos da Borgonha

Embora seja conhecida como uma das mais importantes regiões vitivinicultoras do mundo, a Borgonha possui muitas terras de qualidade nas quais não se produzia vinho, mas somente plantava-se uvas. Esses pequenos produtores acabavam vendendo as uvas para grandes empresas. Por isso, o primeiro passo da Anima Vinum foi entrar em contato com estes proprietários de terras e estimulá-los a produzir seus vinhos.

Bourgogne AligotéDessa forma, a empresa conseguiu ter acesso a vinhos autênticos de pequenos produtores da Borgonha, que cuidam da planta, colhem, vinificam, envelhecem e engarrafam, criando produtos de qualidade e originais. E são esses vinhos que experimentamos em nossa degustação.

O primeiro da noite foi um branco da região de Côte Chalonnaise, que produz vinhos mais leves e refrescantes e que é conhecida não apenas pela Chardonnay, mas também pela Aligoté, uma fruta um pouco mais ácida e famosa por compor o drink Kir, em conjunto com licor de Cassis.

Bourgogne Aligoté é um vinho branco um pouco mais ácido do que a maioria, mas com frescor e elegância acentuados, além da mineralidade própria da região em que é produzido. A tonalidade do vinho lembra um pouco a de um Chardonnay, mas com uma estrutura mais forte.

Chablis Les BeaumontO aroma remete a abacaxi e outras frutas maduras, o que é ainda mais acentuado devido ao envelhecimento em aço inox, próprio para preservar o frescor. Embora tenha uma acidez um pouco elevada e um amargor característico, é um vinho fácil de ser consumido e que vai bem com aperitivos e pratos com frutos do mar, por conta da sua mineralidade.

A seguir fomos apresentados ao Chablis Les Beaumont, outro vinho branco, mas dessa vez produzido com Chardonnay. O nome Les Beaumont, do francês “o Monte Belo”, indica a região em que o vinho é produzido, com um solo carregado em calcário que lhe fornece mineralidade, tornando o sabor da Chardonnay ainda mais presente. O aroma possui notas de frutas e flores e sua maior acidez dá ao vinho uma característica mais gastronômica.

Foi interessante entender as diferenças entre as uvas da região. De acordo com Anna, a Aligoté é mais ácida do que a maioria, o que torna a comercialização de seus vinhos mais difícil no Brasil, onde se tem o costume de tomar vinhos mais suaves.

Le Parc du ChâteauJá a Chardonnay é uma uva mais madura, típica da região de Champagne, onde o solo possui uma quantidade alta de calcário, promovendo a mineralidade e a acidez. No entanto, devido às baixas temperaturas da região, o vinho espumante, inicialmente encarado como uma segunda opção, foi ganhando espaço e fama, devido à sua capacidade de estocagem e produção.

O terceiro vinho degustado foi o Le Parc du Château, um tinto do mesmo produtor do Chablis Les Beaumont, em um terreno próprio para Pinot Noir. É um vinho historicamente importante, por ter sua produção baseada no vinho que os reis costumavam tomar antigamente: sua fórmula passou de geração a geração pelos pequenos produtores da região.

Cote de Nuits-VillageÉ suave, mas surpreendente após um tempo. Ao deixarmos as taças respirando, adquiriu um sabor mais acentuado e complexo. O envelhecimento de 18 meses em barricas de madeira também favorece o paladar e aroma característicos do vinho.

Um pouco mais evoluído do que o Le Parc du Château, o Côte de Nuits-Village é um Pinot Noir difícil de ser produzido, por vir de parreiras de 80 anos. É um verdadeiro Borgonha, elegante, de cor forte, que está envelhecendo muito bem e é oriundo de um pequeno produtor, o que lhe dá ainda mais exclusividade. Tem um aroma que mistura ameixas, cerejas e passas, com especiarias como o cravo, deixando um perfume mais doce e não tão agressivo.

Givry Premier CruOs vinhos da Borgonha têm sua classificação derivada da região em que são produzidos. Apenas 4 ou 5% de todos os vinhos produzidos na Borgonha são considerados Grand Cru. Depois, cerca de 15% são Premier Cru, depois Villages, e por fim os Regionais. Os vinhos tomados na degustação pertencem à categoria Regional.

Para encerrar essa incrível degustação, fomos contemplados com um Givry Premier Cru, um Pinot Noir de altíssima qualidade, com uma alta concentração de frutas e especiarias nos aromas, tendo notas de eucalipto e balsâmico. O envelhecimento em barricas de carvalho novo também proporciona um aroma mais acentuado ao vinho, que ganha maior complexidade.

Com certeza a experiência de se tomar vinhos produzidos na Borgonha é única! Aprender mais sobre a cultura e história de cada região nos ajuda a entender cada vez mais sobre os vinhos e os diferentes processos e cuidados que cada produtor tem. É um mundo repleto de aprendizado!

SBAV - Degustação de Vinhos da Bourgogne, França

 

 

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